terça-feira, 22 de outubro de 2013

O que é ser quase mãe? Como é ter um filho e perdê-lo?

  Havia chegado o dia tão esperado, depressa tive que ir pro hospital quando cheguei lá me falaram que meu bb entrou em óbito fetal,naquele momento, eu deixei de existir. A minha vida não tinha mais razão,eu mãe mais não poderia ter aquele bb tão esperado em meu braços, as mães são as que protegem no ventre. Eu nem disso tinha sido capaz.Toda pessoas falam que não existe lugar melhor pra o bb que a barriga da mãe. E a minha barriga, afinal, foi um perigo, eu grávida de 39 semanas quase 40 com pressão alta e nada pude fazer pelo meu filho me senti incapaz inútil, tinha a filho morto dentro de mim, sai feliz pois achava que voltaria com meu filho em meus braços, foi mais já estava em óbito fetal,foi ai que começou meu pesadelo dentro daquele hospital como uma personagem de novela ,andava para a esquerda  para a direita, para a frente e para trás, como se nada daquilo fosse real, mais era real eu e meu marido fomos  encaminhados para um quarto, onde ficamos com outras mulheres em trabalho de parto,e olhando um para outro sem entender o por que que aquilo havia acontecido sendo que as resposta estavam claras mais não queríamos acreditar no que estava acontecendo, então começou as tantas tentativas para o parto, mais meu útero pra piorar não dilatava isso significava que meu sofrimento só iria aumentar,em lágrimas. Era preciso induzir o parto e puseram eu no soro mais nada adiantava além da dor física  existia a dor da alma.Nesse dia longo, tão longo, nós escutavam as outras mulheres chegando e tendo seus filhos em seus braços. Vimos muitas criança nascerem.E nós ali onde tantas vezes se tinham imaginado, ter nosso filho,mais ele estava  sem vida. 
  Eu e meu marido não entendia o por que não fariam uma cesariana o porquê daquele sofrimento desnecessário,o médico explicou então que a cesariana iria limitá-los em termos de tempo que logo eu iria querer engravidar e  uma cesariana teria que esperar  um pouco mais, naquele momento não estava pensando no tempo que eu teria que esperar ou em minha recuperação,se fosse parto normal em breve poderia está gravida novamente,ao mesmo tempo que as contrações iam apertando, eu ficava ali pensando o problemas que me seguiriam, o meu piscologico como ficaria após a perda, nossa como sofri, pensava no enterro,avisar as pessoas,então começaram a mim dar remédios pra dormir porque comecei a gritar afinal teriam que me dar uma explicação,não sei se pra eles aquele bb já estava já estava morto mesmo não priorizaram minha vida não ,eles teriam que dar prioridade pra mães que chegavam com seus filhos vivos dentro do seu ventre, e eu ali sofrendo, quando foi por volta de 13:30 da tarde me levaram pra sala de cirurgia ai fizeram a cesárea mais depois de sofrer aquele tempo todo a enfermeira veio e perguntou Vanessa quer ver seu filho ? Ai veio a parte pior tive que olhar pro meu bb tão calmo um anjinho lindo que não teve a chance de lutar pela sua vida aqui fora, nasceu grande, cabelos pretinhos igual ao do pai,minha tristeza não teve fim, quando vi meu filho,mãe jamais poderia ver seu filho morto não interessa a idade ou tempo que passaram juntos,poderia ser  proibido como doeu ver meu filho daquele jeito e não poder fazer nada, e ainda tive que escutar do medico que aquelas contrações logo iriam passar porque meu filho nasceria. 
  Falta o enterro e vamos começar a vida outra vez, queria estar bem,em condições para quando as pessoas começassem a chegar. Eu não queria fugir. Se fugisse de enfrentar a dor ia ser muito mais difícil. Mais valia ter todos os embates de uma vez. Eu sabia que iria ter conversas perguntas,os vizinhos,iriam perguntar...eu  sabia.E não queria me esconder. As perguntas e as conversas haviam de surgir inevitavelmente. Mais valia encará-las desde o primeiro dia. Foi o que fiz.
 O tempo foi passando e com ele a dor amenizou. Mas nunca deixei de falar do meu filho. Falo muito dele sempre e aí começa a censura."Tens de começar a deixar esse assunto",diz algumas pessoas uns "Esquece! tem outro filho"exclamam outras."Já está na hora de ter outro". Como se um filho esquecesse assim da noite pro dia, ou ainda:"vc é nova,ainda vai ter bastante filhos"! Ou pior:"vc nem chegou a conviver com ele,olha pior era se ele morresse mais tarde"!
 Subitamente, a incompreensão.Como é que poderia eu esquecer meu filho que sonhei desde menina em tê-lo?Como eu poderia imaginar um que novo bebê substituiria o anterior ? Como era possível que pensassem que o fato de não a ter tido ele no colo diminuía a minha dor? Foi então que percebi que a dor que rodeia a perda gestacional é uma dor feita de silêncio. Mais falar do meu filho seria contra tudo e contra todos. Porque falar dele seria uma promessa que jamais iria esquecer.Porque falar nele relembrava melhorava o meu sofrimento. 
  Muitas vezes o meu sofrimento foi calado e é até os dias de hoje, algumas pessoas não entendia o porque eu evitava uma grávida,quando não queria ficar perto de uma mulher gravida não era porque desejava aquela gravidez não,e sim porque ver uma mulher gravida era como se meu sofrimento voltasse em momentos,o por que eu fugia de um bb, lembro até hoje tinha 5 meses que havia perdido meu Arthur,ainda não estava recuperada totalmente, uma pessoa me deu um bb pra segurar sabendo de todo meu sofrimento e ainda me falou que aquela criança que eu segurava no colo havia nascido de 6 meses e meio e tinha sobrevivido,no momento me veio todas as questões possíveis pois me questionei o porque meu filho se estava tudo tão perfeito pelo menos eu achava,como evitava passa perto de uma mãe com o seu filho, mais tive que olhar para aquela criança,respirei fundo meus olhos encheram de lágrimas mais superei afinal teria que superar, evitei varias vezes olhar pro meu sobrinho pois tinha nascido na mesma data que meu bb, ninguém precisa entender o meu sofrimento mais ser humano um pouco, se colocar no lugar da outra pessoa é o mínimo que as pessoas poderiam fazer, hoje olhando para trás vejo que Deus me deu forças pra passar por tantas coisas que aqui não posso relatar, mais uma coisa tenho certeza: Perda gestacional é uma dor feita de silêncio isso é fato chega um tempo que vc não tem mais com quem falar....


Meu filho meu grande e eterno amor .....