CRIADO PARA COMPARTILHAR MEUS SENTIMENTOS, PELA DOR DA PERDA DO NOSSO FILHO ARTHUR COM 39 SEMANAS DE GESTAÇÃO...
Filho Você Foi e Sempre Será Meu Arthur , Meu Filho Tão Esperado e Amado Para Sempre ....
A médica Simone Calixto, 39 anos, é uma mulher de muita fé. Por isso
tem certeza que o nascimento de sua segunda filha, há duas semanas, é um
verdadeiro milagre. Melissa veio ao mundo cheia de saúde, com 2,4
quilos e 43,5 centímetros. Seria algo rotineiro na vida dessa
ginecologista e obstetra, mas o longo caminho entre o teste de gravidez e
o parto se tornou uma luta para salvar a vida de ambas.
Simone
morava no Canadá quando recebeu o diagnóstico da gravidez praticamente
ao mesmo tempo que o de câncer de mama. Para poder levar a gestação
adiante, teve de comprar uma briga com médicos e recusar o protocolo de
tratamento indicado, que preconizava o aborto terapêutico. O parto
ocorreu junto com a mastectomia.
Na verdade, a história de Melissa
é um milagre desde o início. A gravidez aconteceu contra todas as
probabilidades. Simone, que já era mãe de Amanda, 3 anos, havia feito
uma bateria de exames poucos meses antes que revelou uma endometriose
grave. O médico disse que uma nova gravidez seria pouco provável e ela
começou a tomar contraceptivos para controlar a doença. O check up
também não revelou absolutamente nada de errado com as mamas.
Naquela
época, ela, o marido e a filha estavam no Canadá havia oito anos. Ela
estudava para revalidar seu diploma lá. Em novembro passado sentiu um
nódulo na mama esquerda. Achou esquisito, mas acabou ficando mais
ingrigada com a falha na menstruação. "Fiz um teste de farmácia e
ficamos em êxtase", conta.
Ela só havia atrasado a tomada da
pílula uma única vez e, ainda assim, por poucas horas. Por isso achava
que a demora não comprometeria sua eficácia. "Eu até queria engravidar
novamente, mas estava esperando o tratamento da endometriose acabar para
começar a tentar."
Pré-natal. Na primeira consulta do pré-natal,
ainda no Canadá, o caroço havia sumido e sua médica atribuiu às mudanças
que ocorrem na mama durante a gravidez. Mas na segunda consulta ele
estava maior, e havia outro na axila. "A médica pediu vários exames."
Foi aí que uma biópsia revelou a doença.
Em dez dias o tumor já
havia dobrado de tamanho. Mas o diagnóstico do câncer em estágio
avançado não foi a notícia mais difícil que Simone ouviu: "Eles me
disseram que a gravidez estava alimentando o tumor com hormônios, que
dificilmente o bebê sobreviveria e que o mais seguro era interromper a
gestação para poder fazer o tratamento correto", lembra.
Simone
estava no melhor hospital de Ontário e nada convenceu os médicos a
tentar preservar a gestação. "Sem esse passo (a interrupção da gravidez)
não temos como oferecer tratamento", disseram os especialistas,
argumentando que as drogas seriam extremamente tóxicas para o feto. "Se
naquele centro de referência eles tinham essa conduta, percebi que em
nenhum outro hospital seria diferente", diz.
Era uma sexta-feira.
"O sábado foi o momento do maior desespero. Precisava tomar uma decisão,
eles queriam marcar o procedimento para o início da semana. Senti que
ia morrer, minha alma agonizava."
Então ela lembrou de duas
coisas: do seu sonar (aparelho usado para ouvir o coração do bebê na
barriga da mãe) e de um vídeo de um programa de TV brasileiro que falava
de um caso similar ao seu, em que o bebê tinha nascido saudável.
"Coloquei o sonar na barriga e em dez segundos comecei a ouvir o
coraçãozinho. Senti que ele estava bem vivo." Achou o vídeo do programa
na internet e procurou o contato do médico Waldemir Rezende, citado na
reportagem.
Pouco mais de dez dias após o diagnóstico, embarcou de
volta para o Brasil, com uma consulta marcada e a sensação de que sua
história no Canadá tinha se encerrado.
"Não me deram um documento
atestando que eu poderia viajar, tive medo que me impedissem por estar
grávida. Quando entrei no avião, senti que estava salva." O marido ainda
precisou ficar lá alguns meses para resolver várias questões, entre
elas a venda do apartamento, e só chegou 15 dias antes do parto.
Efeitos.
No Brasil, assim que a gravidez completou 15 semanas - período mais
crítico para a formação do embrião -, ela começou a quimioterapia. Foram
seis ciclos, quase sem efeitos colaterais. "Isso não foi difícil.
Difícil era enfrentar o que estavam me propondo. Via a minha barriga
crescer e isso me deixava feliz."
O último ciclo foi feito com 30
semanas de gravidez. A ideia era ter tempo para recuperar o organismo
antes de a bebê nascer, no prazo normal. Mas o tumor voltou a crescer, e
ficou mais agressivo. O médico disse que não podiam esperar mais e que
teriam de adiantar o parto.
A cesárea foi feita com 36 semanas de
gravidez e, mesmo um pouco prematura, a bebê só teve um leve desconforto
respiratório após o parto e passou 24 horas na UTI. Simone viu a filha
rapidamente, mas não pode pegá-la no colo. Foi logo anestesiada para a
cirurgia de retirada de uma das mamas. Também não vai poder amamentá-la,
porque as drogas passam para o leite.
Agora ela deve enfrentar
uma bateria de exames que não puderam ser feitos durante a gravidez,
como tomografias. E mais sessões de químio.
"O mais difícil já
passou. A Melissa é um milagre, uma promessa que se cumpriu", diz
Simone, que atribui o milagre da vida da filha ao "anjo Waldemir
Rezende". Agora ela só tem três desejos: poder pegar a bebê no colo
todos os dias, fazer sua mamadeira e trocar sua fralda. Como qualquer
mãe.